30 de maio de 2009

Gudruns Bauernbrot


Esse foi o primeiro pão que fiz em minha vida, lá nos idos de 1989... O nome está em alemão. Gudrun foi quem me ensinou a receita. Bauernbrot é o pão do camponês, aquele mais consistente, mais pesadinho, com grão, muitas fibras e farinha integral. Aqui o chamariam de pan de campo.
Apesar dele não ter crescido muito ontem, está delicioso. A receita rende 4 pães como o da foto (uns 30cm), que deveriam estar mais crescidinhos - geralmente o pão assado fica com o triplo do tamanho da massa crua, essa vez ela apenas dobrou.
O bom dessa receita é que ela também congela bem, senão teria que sair procurando a quem dar de presente pois deixar estragar não cabe. Da última vez que fiz, descobri que posso obter um "pão fresco" recém assado com aquilo que congelei. Para isso, basta assar menos (2/3 do tempo total, por exemplo) uma parte dos pães, congelar eles assim, semi-assados e, quando quiser consumir, descongelar na geladeira e logo assar o tempo restante (aprox. meia hora).
Outra vantagem é que podemos adicionar os grãos que mais nos apetecem, variar os ingredientes entre uma receita e outra, colocar grão em cima ou sal groso para dar um tchan, acrescentar mel em vez de açúcar e assim ir brincando com a receita e com nosso paladar.
E claro, é um pão cheio de fibras e dos mais variados tipos de minerais e vitaminas dos diversos grão - portanto, bom para a digestão e nossa saúde.
Ele vai muito bem com frios e patês, o pessoal da horta adorou.


Abaixo, a receita original.

Gudruns Bauernbrot

* 2 colheres de sopa dos seguintes grãos: trigo mourisco, trigo integral (que deverá ficar de molho 24h antes de usar), linhaça (ômega três, ajuda no controle do colesterol), gergelim (símbolo da imortalidade na mitologia hindu, recomendada para a boa circulação e fonte importante de cálcio), farelo de aveia tostado, cevadinha, farimnha de milho, farinha para kibe, flocos de trico, painço descascado (sim, painço - isso não é só comida para passarinho)
* 6 CS de farinha de trigo integral (aprox. 200g)
* aprox. 1kg de farinha de trigo (a quantidade vai depender, use o necessário para dar liga)
* 1 ovo (opcional - dessa vez usei o que sobrou da receita do mini cheese cake)
* 6 CS de manteiga
* 3 xícaras de leite morno
* 2 cc de açúcar

Misturar os grãos, a manteiga, 2 1/2 xíc de leite morno, o sal e o ovo até obter uma consistência homogênea. Separadamente, dissolver o fermento no leite restante adicionando o açúcar. Logo, acrescentar o fermento aos grãos e ir adidionando as farinhas integral e branca. Amassar com as mãos até obter uma massa uniforme.
Deixar descansar enquanto unta formas inglesas, ou, como prefiro fazer, prepara uma grande assadeira untada ou forrada com uma placa de silicone. Cortar a massa em 4 partes, formar o pão ou forrar o fundo das formas (não exceder 1/3 da altura da forma, o pão cresce bastante). Fazer cortes em cima para ele não rachar e logo cobrir um panos de prato. Deixar num local quente até dobrar de tamanho - eu deixo em cima do fogão, já que acendo o forno (fogo baixo) nesse momento para pré-aquecê-lo.
Levar ao forno pré-aquecido em temperatura média e assar de 1 a 1 1/2 hora - estará cheirando bem e, se furado com um palito, a massa não irá grudar.
Dessa vez eu também resolvi pincelar com ovo antes de assar e colocar um pouco de sal grosso num deles.

29 de maio de 2009

Mini cheese cake


Aqui não tem requeijão. Acho que só no Brasil há essa iguaria... Quando me dá vontade de comer um pãozinho fresco com requeijão, saio em busca de algum queijo untável ainda não provado para ver se sacio essa vontade por aproximação.
Dessa vez, não deu certo de novo. O queijo que comprei é um queijo branco cremoso, leve, parecido em textura ao Philadelfia porém sem tanto creme de leite. Muito gostoso, mas não é requeijão.
Na tampa de alumínio, receitinha de cheese cake. Eba!
Apesar de adorar cheese cake, nunca havia sequer pensado em fazer um. Não sei porque. Quando vi a receita, me animei de imediato. Mas (na história do Brasil sempre há um "mas", diria minha professora da quinta série), a receita pedia 3 potes desse queijo. Eu tinha um, começado. Sei que dividir receitas é arriscado, em três partes então... principalmente porque pede 1 ovo. Resolvi arriscar ainda assim e deu muitíssimo certo. A receita é ótima, deliciosa, fácil de fazer, rápida de fazer. Quer mais? Para mim está bom assim.
Abaixo, a receita inteira. No meio a tantas contas, acanbei fazendo 1/6 da massa e 1/3 do recheio. Ficou ótimo, uma massa bem fininha e recheio mais generoso.

Massa
* 250g de farinha
* 125g de manteiga
* 125g de açúcar
* 1 ovo (para usar 1/3 de ovo, abri, mexi bem o ovo, contei a quantidade de colheres de sopa a que ele correspondia e usei um terço delas na receita - o que sobrou, foi para o pão que fiz na sequência)

Recheio
* 600g de queijo Finlandia (um quijo branco cremoso, untável - acredito que usando o Philadélfia fique tão bom quanto)
* 6 gemas
* 250g de açúcar
* 1/2 cc de essência de baunilha
* raspas de limão
(ops, esqueci completamente da baunilha e das raspas - só percebi isso agora...)

Numa tigela, amasse a manteiga com o açúcar e o ovo, formando um creme. Acrescente a farinha de uma vez, incorpore bem sem amassar. Com essa massa, forre uma assadeira untada e enfarinhada. Se for desmontável, melhor.
Para o recheio, bata todos os ingredientes até obter um creme liso. Despeje na forma e asse em forno médio por 45 minutos.
Deixe esfriar (ao menos amornar) antes de desenformar. Cubra com a geléia de sua preferência - a clássica é a de framboesas. Usei de cerejas,
que caiu muito bem com seu azedinho.
Deixe algumas horas na geladeira. Nós comemos 1/6 desse mini como sobremesa do almoço.

Para fazer o mini cheese cake, qualquer forma ficava grande. Optei por usar uma tigelinha de cerâmica de aprox. 15cm de diâmetro, que untei e enfarinhei. Depois de fria, a torta encolheu um pouco e foi bem fácil desenformar.

25 de maio de 2009

Imperialíssima


Se estiver por aqui nesses pagos e gostar de uma gelada, prove a Imperial. Ela era fabricada pela Quilmes, mas agora quem assumiu é a Brahma (que abocanhou um bom pedaço do mercado por aqui - pelo menos cartazes, cadeiras, mesinhas e quetais não faltam). A Imperial é algo mais encorpada que uma corriqueira Brahma, mas menos amarga que uma deliciosa verdinha (a Heinecken, para os íntimos). Eu gosto.

23 de maio de 2009

Kapustytchnii pirog - torta russa de repolho


A essa delícia da cozinha russa fui apresentada na Páscoa. Eu pre-ci-sa-va aprender!! E fiz isso no dia 15. Como estamos falando de uma massa com fermento fresco, prepare-se para passar calor na cozinha. A mesma massa pode ser usada também para fazer tortinhas individuais, pãezinhos recheados ou simplesmente um pão branco muito fofinho e bem massudo (que é o que vira a massa que sobra dessa receita). A receita se presta muito bem ao congelamento e a torta descongelada fica tal qual a recém feita. Que bom, porque a receita é grande e para as 3 pessoas que comem aqui na casa dos meus pais é muito grande.
Usei ovos caipira para que a massa ficasse mais amarelinha como a de Swetlana, prima de meu pai que me passou essa receita.

Para o receio
* usei aproximadamente 1,3kg de repolho - retire as partes mais duras do centro e as folhas externas, pique o restante
* sal grosso - aprox. 1 colher de sopa rasa
* óleo para refogar - aprox. 200ml
* 1 cebola grande picada
* 4 ovos cozidos picados
Depois de picar o repolho, adicione o sal grosso e amasse para que ele solte um pouco de água. Refogue a cebola até que fique transparente, junte o repolho, misture bem e deixe refogar em fogo muito baixo com a panela tampada até que esteja macio e pegue um bronzeadinho. Deixe esfriar e junte os ovos picados (usei o processador). Reserve.

Para a massa
* 50g de fermento fresco
* 1 CS rasa de sal fino
* 1/2 l de leite morno
* 1 kg de farinha de trigo (+ um tanto para abrir a massa)
* 2 CS açúcar
* 4 gemas
* 200g manteiga (temperatura ambiente)
* 2 CS óleo (agora que escrevo a receita noto que esqueci do óleo e que não fez diferença não)
* 1 ovo para pincelar

Antes de começar a fazer a massa, aqueça o ambiente: coloque a chaleira com muita água para ferver, ferva uma panela com água, coloque o repolho para refogar. A panela com água quente será útil para fazer a massa crescer - depois que ferver, apague o fogo e deixe ela ir amornando.
Num recipiente graaaaaande (usei uma panela bem alta), misture o fermento com o sal até que fique líquido, adicione o açúcar, e o leite morno e misture bem para então acrescentar as gemas. Nessa mistura adicione a metade da farinha e a manteiga e misture até que fique liso. Vá adicionando o restante da farinha (será necessário pôr a mão na massa) e amassando até que a massa desgrude da mão. Talvez você precise de menos farinha que o 1kg recomendado, talvez de um pouco mais - isso dependerá do tamanho dos ovos, do fermento, da temperatura da cozinha. Uma vez que a massa tiver desgrudado da mão, deixe-a nesse recipiente, cubra-o com um pano de prato limpo e apoie o recipiente em cima da panela de água (aquela de antes), que deverá estar morna. É importante que esteja morna, não mais fervendo, porque queremos que a massa cresça, não que comece a cozinhar na panela, ok?
Bom, agora vá dar uma volta, tome um café e deixe o fermento fazer sua parte. A massa demorará aproximadamente 2 horas em crescer - ela triplica ou até quadruplica de tamanho (lembra que falei de usar um recipiente grande? Pois então!).
Enquanto isso, a chaleira permanece fervendo ali por perto, para manter a umidade e o calor na cozinha (principalmente se for inverno, num verão calorento, pule esse item). Lembre de enxer a chaleira se ela for pequena, afinal, ela ficará 2 horas no fogo.
Bom, agora que a massa cresceu, vamos abrí-la. Coloque bastante farinha numa mesa ou mesada e a massa no meio, corte 2/3 dela e reserve o restante para a tampa. Abra com um rolo, acomode numa assadeira untada com óleo e corte as bordas que sobrarem. Preencha com o repolho, abra o restante da massa e cubra a torta, apertando nas laterais para fechar. Como as sobras é possível fazer enfeites. Pincele com ovo ligeiramente batido.
Asse em forno médio-baixo por 40 minutos ou até o cheiro invadir a casa e o pirog ficar douradinho.

A receita é grande. Se a sua assadeira for como a minha, de tamanho "normal" - não extra XXG, dá pra fazer duas tortas ou então uma torta generosa + um pão. Deixei uma parte para fazer pão, que também foi pincelado e ficou esperando em cima do fogão coberto pelo pano de prato até a torta teri sido assada e haver lugar no forno. A massa cresceu novamente e o pão ficou ótimo, mas se não tivesse ficado, tudo bem, a estrela do dia era mesmo o pirog.

Mission accomplished!



Consegui a receita da torta de maçãs que baba - minha avó paterna - fazia, que todos adorávamos e cuja receita eu havia perdido... Vou publicar, guardar o caderno, mandar para os amigos e garantir que nunca mais desapareça!!!! Na Páscoa fui almoçar na casa de uma prima de meu pai e ela fez uma torta de maçã com o gosto certo, porém a fez fechada. A de minha avó era aberta. Ótima, mas nada de me dar a receita... "Vem aqui, tem que ver fazer, aprender...". Beleza.
Dia 15 fui lá aprender a fazer um outro pirog (a palavra russa para torta, seja ela salgada ou doce) e aproveitei para pegar essa também (ela não quis me passar antes). É a receita da mãe dela, irmã de minha avó. Ou seja: A RECEITA!!!
Iuhu!

Yablotchnii pirog (torta de maçãs)

Para o recheio
* 6 maçãs verdes grandes (ou 8 menores)
* suco de limão
* açúcar
Difícil definir quantidades... Dependerá das maçãs, do tamanho da forma (sei uma 30 x 20cm) e do seu paladar para o açúcar.
Faça um purê com as maçãs verdes sem as cascas e os miolos, regando-as com suco de limão para que não escureçam. A dica é colocar as maçãs picadas no microondas por três minutos, mexer, mais 3 minutos, mexer e seguir assim até que estejam com consistência de purê e só então adoçar a gosto. Ou, senão, fazer numa panela tampada mesmo, em fogo baixo, para não ter que adicionar água.
Se ainda assim elas tiverem soltado muita água, tire um pouco para não encharcar a torta.

Para a massa
* 240g de farinha de trigo
* 4 colheres de chá de fermento em pó (na próxima diminuirei para 3cc) - se preferir, use farinha com fermento e esqueça esse ingrediente
* 100g de açúcar
* 125g de manteiga
* 1 gema
* 1 ovo - usei os caipiras do post anterior, que deixam a massa mais amarela
* 2 colheres de sopa de leite

Misturar a manteiga e o açúcar, adicionar a gema e o ovo e obter um creme. Adicionar a farinha e o leite e amassar até a massa ficar lisa. Colocar a massa na geladeira por 20 minutos para ser menos impossível abri-la.
A torta original é feita numa forma redonda e tem fundo e tampa. Para isso é preciso abrir a massa com um rolo. Essa massa é MUITO grudenta e quebradiça e não se obtém o mesmo resultado se acrescentar mais farinha. Portanto, para abri-la, requer-se de muita paciência e de farinha para a superfície onde será aberta. Recomendo fazer isso sobre papel manteiga ou uma placa de silicone (ambos com muita farinha) para poder depois virar o disco sobre a forma.
Ou, para simplificar a vida, faça como minha avó (e como eu): coloque a massa numa assadeira untada e enfarinhada e vá distribuindo ela com as mãos mesmo, tentando deixá-la uniforme. Guarde um pouco de massa para fazer uns enfeites. Baba costumava escrever nosso nome em russo quando fazia essa torta para nosso aniversário ou dia de santo.
Coloque o purê de maçãs verdes, a tampa ou os enfeites e asse em forno médio, médio-baixo por aproximadamente 40 minutos (ela vai desprender um aroma perturbador quando estiver quase pronta e a massa ficará douradinha).
Logo quando retirar do forno, polvilhe açúcar de confeiteiro usando uma peneira. Ele será absorvido pelo purê e ficará aparente apenas sobre a massa.

Pronto. Agora delicie-se com ela ainda morninha ou em temperatura ambiente no dia em que foi feita, descubra a massa levemente crocante e acompanhe com um chá preto com limão (como Baba gostava de fazer), com um delicioso café e, se quiser abusar das calorias, com creme de leite batido.
Se sobrar, guarde na geladeira. Ela já não será a mesma, pois umedece, mas continuará deliciosa e imperdível ;-)


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Caipiras e urbanóides



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16 de maio de 2009

Da cor da beterraba

Borschtsch

Sopa russa com beterrabas, carne, batatas, repolho e cenoura, basicamente. Na hora de servir, creme de leite fresco ou azedo.